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Spinoza e a sua visão de Deus

Suas ideias inspiraram pensadores modernos como Albert Einstein

Spinoza e a sua visão de Deus

Baruch Spinoza (1632-1677), um renomado filósofo holandês de ascendência judaica e portuguesa, foi marcado pela influência da filosofia estoica da Grécia e Roma Antigas. Sua jornada literária começou com a publicação de “Princípios da Filosofia Cartesiana” (1663), o único trabalho publicado sob seu nome real. Nos escritos subsequentes, como o polêmico “Tractatus Theologico-Politicus” (1670), conhecido como “Tratado Teológico-Político”, Spinoza optou pelo uso de pseudônimos. Sua obra seminal, “Ética” (1677), redigida em latim, foi lançada postumamente.

Contrário à ideia de ateísmo, Spinoza apresentava uma visão única sobre a divindade, percebendo Deus como a soma das leis naturais, em oposição à concepção de uma entidade distinta. Suas críticas às escrituras judaicas e cristãs refletiam seu questionamento dos dogmas religiosos tradicionais, vendo-os como desconectados da realidade.

Spinoza rejeitava as noções judaico-cristãs de bem e mal, argumentando que a mente humana tende a classificar como boas as coisas que promovem o bem-estar. Em relação à liberdade, ele via o livre-arbítrio como uma ilusão, argumentando que a verdadeira liberdade está no conhecimento e na compreensão das causas dos eventos, não na escolha entre alternativas.

Ele acreditava que nossa percepção de liberdade é limitada pelo fato de sermos conscientes de nossas vontades, mas, na realidade, essas vontades são determinadas por Deus, dentro dos limites da natureza humana, conforme a criação divina. Para Spinoza, a verdadeira liberdade derivava do esforço para entender o “porquê” e o “como” das ocorrências.

As ideias de Spinoza, consideradas radicais em seu tempo, mais tarde inspiraram pensadores modernos, incluindo Albert Einstein. Einstein, questionado sobre sua crença em Deus, expressou fé no Deus de Spinoza, que se manifesta em um universo regido por leis naturais. Ele falava de uma “religião cósmica”, na qual Deus é o próprio Universo.

A noção de Spinoza de que ninguém nasce livre, mas se torna livre ao entender e se alinhar com as leis da natureza, é vista como uma perspectiva poética e um importante exercício existencial.

Alan Izanagi
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