Um futuro hackeado?

A série Mr. Robot se destaca como uma contundente crítica social diante de uma sociedade cada vez mais hiperconectada

Um futuro hackeado?

“Mr. Robot”, uma série com quatro temporadas criada por Sam Esmail, narra a saga de Elliot Alderson, um jovem que atua como especialista em segurança cibernética durante o dia e assume o papel de hacker justiceiro durante a noite.

Elliot, personagem vivido pelo ator Rami Malek, também é membro da fsociety, um grupo punk cibernético que luta contra o monopólio das grandes corporações.

Em uma analogia quase perfeita em relação ao nossa sociedade, somos apresentados a E Corp – um conglomerado que controla cerca de 70% da indústria de crédito global, e que ainda usa o seu poder para influenciar a política mundial.

Elliot, uma espécie de Robin Hood do século atual, se junta a este  grupo de hackers com um grande objetivo: atacar os sistemas da E Corp, apagando todos os registros de endividamento dos cidadãos americanos

A principal sacada de Mr. Robot é ser uma forte crítica social, não só em relação as grandes corporações, mas também aos perigos eminentes de uma sociedade cada vez mais hiperconectada.

Qual seria o futuro do dinheiro, dos bancos e dos pagamentos diante de um cenário de crash gerado por um ataque cibernético? Em uma sociedade sem acesso a dinheiro e aos serviços públicos, tudo se tornaria permutável?

A questão central incitada pele série pode estar relacionada, também, ao futuro do dinheiro: Você já parou para pensar que a nossa moeda atual já pode ser considerado uma tecnologia?

 “Mr. Robot”, série com 04 temporadas criada por Sam Esmail disponível no serviço de streaming Amazon Prime. Foto: Divulgação

Sim, uma plataforma utilizada para a realização de pagamentos, e, é claro,  para armazenamento de valor. E se outras tecnologias puderem fornecer estes mesmos serviços, mas de uma melhor forma – O dinheiro como tal, corre o risco de ser substituído?

A verdade é que a inflação corrói o valor do nosso dinheiro, e é por isso que tantas pessoas armazenam suas riquezas em alternativas diferentes de uma poupança. A maioria prefere investir em ouro físico, imóveis ou obras de arte.

As moedas digitais parecem ser uma alternativa mais estável ​​do que o dinheiro tradicional, caso o nosso sistema financeiro seja colapsado por um ataque de hackers, por exemplo. O papel-moeda é apenas uma construção simbólica. Sem seus registros financeiros, que valor ele realmente tem?

O dinheiro como conhecemos hoje é fortemente atrelado as oscilações do cenário político, sobretudo aos acordos multilaterais e as relações de poder entre os bancos centrais.

Já uma moeda digital dispensa qualquer alinhamento externo – toda a sua essência é baseada na infalibilidade de seus algoritmos matemáticos, ou seja, em si mesmo. Elas  não são emitidas por um banco central, e, por isso, não dependem da política monetária de nenhuma instituição.

Mas para Eliiot e os hackers da fsociety, não se trata apenas de dinheiro. Liberdade e independência são mais importantes.

E pra você, o que mais importa?

Vinicius Debian
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Vinicius Debian

Cofundador & Chief Digital Officer da Bigtrade S/A, Fundador da brandtech NEIL e da plataforma Faça Parte do Futuro. Defensor do design - e de uma vida - simples e funcional, sempre! Trabalhando com design, tecnologia e inovação desde 1998.