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Episódio pertubador de Black Mirror nos faz refletir sobre o que nos faz humano

In O que assistir
março 02, 2014
Qual profecia feita por Black Mirror se tornará realidade? Este será sempre um debate entre os aficionados pela série

Na visão de muitos, Black Mirror é uma das produções mais perturbadoras dos últimos tempos. As pessoas poderão se identificar com algumas situações presentes em seus episódios, mas também, poderão se sentir completamente atônitos frente a distopia e hostilidade tão presentes neste série.

Lançado em 2011, o seriado tem como foco principal convidar seus telespectadores a refletirem sobre como a tecnologia pode prejudicar a nossa sociedade, transformando drasticamente o nosso comportamento. Cada episódio é independente, com seu próprio universo e estilo, mas que acabam se conectando de pelo fato de retratarem o reflexo do avanço da tecnologia no dia a dia das pessoas.

E neste contexto, o primeiro episódio da segunda temporada merece todo destaque. Be Right Back trata de um tema muito impactante para nós, seres humanos: A imortalidade, mesmo que em uma diferente (e angustiante) perspectiva. Ao assistir o episódio, temos a sensação de que encontramos uma maneira de ganhar mais tempo – uma forma de derrotar a morte e o medo de vivermos os nossos dias na Terra distantes do amor, ou melhor, das pessoas que amamos. A falta do outro é algo que gera medo na vida de muitos.

E para contextualizar todo este sentimento, somos apresentados logo no inicio da história ao casal formado por Ash (Domhnall Gleeson) e Martha (Hayley Atwell). Nota-se no casal um amor que convive bem com as nuances do mundo atual – cheio de smartphones, tarefas e coisas menores que roubam a nossa atenção todos os dias.

Martha é uma artista, e ele trabalha como entregador. A história começa a ganhar seus contornos quando em mais uma manhã, aparentemente normal, Ash sai de casa para fazer uma entrega e algo inesperado acontece: um acidente fatal cruza o caminho do casal. Neste momento presenciamos todo o desespero provocado pela sensação de abandono que invade a vida de Martha. Dói muito pensar em uma vida sem aqueles que amamos. E nada mais humano do que este instinto de autopreservação emocional.

E na tentativa de hackear uma das maiores verdades da jornada humana, a protagonista vai atrás de uma maneira de trazer o seu amor de volta, por meio de uma nova versão digital. Seria essa a solução perfeita para acabar com tanta dor e sofrimento? Infelizmente, Martha descobre que não. E na verdade, todos nós podemos estar errando também, quando passamos a acreditar que a tecnologia pode, de alguma, nos substituir (ou pior, nossos sentimentos). E isto é um fato.

Você já parou pra pensar sobre como as nossas lembranças funcionam? Será que, quem somos online, poderá definir o modo como seremos lembrados no futuro? Ou será que esta já é uma realidade?

Este é outro paradigma presente em Be Right Back. O serviço experimental, que reconecta os vivos aos mortos no episódio, utiliza-se de fotos, vídeos e outros dados disponíveis. Quanto mais dados você inserir, mais precisa será a “versão” do seu ente falecido. Tudo se inicia com mensagens de texto, com um bot imitando os trejeito de quem se foi. O segundo estágio é a voz. E então, o nível final: um clone de seu ente querido, cuja toda estranheza é encoberta pela dor, e pela carência de quem contrata o serviço.

O ponto central de tudo isso são os dados. Quase tudo o que existe online são dados úteis – desde seus e-mails, vídeos caseiros, até os cookies de sua navegação na web. E o clone de Ash é inteiramente baseado nesses tipos de dados. Mas só isso não é o suficiente para se conhecer alguém. E assim, Martha percebe que o retrato que os dados fizeram de seu marido não são totalmente precisos. Os detalhes pertencentes a essência humana não podem ser medidos e quantificados.

A história de Ash, assim como a sua, não é o que esta na internet. Os seus sonhos, os seus desejos e os seus amores não são um amontado de bytes e bites. Não se deixe levar por aquilo que você não é. Duvide de tudo aquilo que não te faz humano.

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Editorial Faça Parte do Futuro