Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955) foi um padre jesuíta, teólogo, filósofo e paleontólogo francês que dedicou para entender a evolução e a fé, nutrindo uma intensa jornada intelectual. Em seu pensamento e escrita, estudava a íntima relação entre o desenvolvimento evolucionário do mundo material e espiritual.
Ele defendia a ideia de que nossa espécie ocuparia um lugar especial dentro de um universo espiritual, onde a humanidade estaria evoluindo com o objetivo de expandir a sua consciência em relação a natureza evolutiva do mundo e do cosmos.
Teilhard participou ativamente de uma vida que incluiu não só o sacerdócio, mas também o trabalho nas linhas de frente da guerra. Embora tenha sido ordenado padre em 1911, acabou sendo convocado para servir ao exército francês em 1914, participando das principais batalhas em meio a Primeira Guerra Mundial.
Como místico e futurista, fundamentou sua interpretação pessoal da evolução em uma filosofia alinhada ao panenteísmo, uma palavra criada pelo filósofo alemão Krause e que faz referência a um Deus presente em tudo e todos, onde o Universo e Deus seriam a mesma coisa. Os panteístas não negam a existência de um Deus, simplesmente o enxergam de uma maneira diferente da filosofia ocidental – Para eles, Deus não seria uma entidade transcendental. Para o panenteísmo a totalidade do universo seria o único Deus.
Com uma visão audaciosa e que desafiava o dogma cristão, Teilhard acabou sendo censurado, sendo proibido pela Igreja Católica Romana de ensinar ou publicar suas visões teológicas e filosóficas.
“Lei da Complexidade-Consciência” e a sua relação com a Noosfera
Em suas obras “O Fenômeno do Homem (1959)” e o “Futuro do Homem (1964)” Theilhard apresenta o seu ponto de vista em relação ao lugar especial ocupado por nossa espécie, em um universo dinâmico. Tendo uma visão ampla do escopo da evolução, Teilhard considerava que ela incluía também a matéria inorgânica, começando com as menores e mais elementares partículas físicas do universo primitivo.
Em um tema que aparecesse ao longo de suas obras, ele enfatizava a importância de ver a matéria não em termos de sua aparência aparentemente fixa. Para ele, o correto seria descrevê-la como uma massa em vias de transformação em qualquer momento do tempo, como parte de um sistema abrangente e dinâmico.
Ao longo da evolução, a matéria vai se orientando para formas cada vez mais complexas, regida pela grande “Lei da Complexidade-Consciência”. De acordo com essa teoria, o processo de evolução seria iniciado e conduzido pelo espírito de Deus no universo, começando pelas partículas subatômicas rumo a níveis mais elevados de consciência, denominado por ele como o “Ponto Ómega”.
O último estágio do universo e da humanidade
A definição de Ponto Ômega, na visão de Teilhard, é o ponto no qual a consciência humana volta-se para si mesma, alcançando o seu nível máximo, o último estágio do universo e da humanidade. Desta forma, Teilhard atribui à Terra uma serie de novas camadas, onde a Noosfera, talvez, seja a mais interessante: Nesta etapa é que acontece, de fato, o progresso espiritual do homem em direção a um ponto de convergência com o universo: o Ponto Ômega. Teilhard sustentava a crença de que Deus e o Universo manteriam uma relação de progressiva evolução, rumo a consciência divina.
Não há como ignorar a importância do trabalho de Teilhard. Ele contribuiu com importantes insights sobre a natureza da consciência humana, além de uma maior compreensão sobre nós mesmos, sobre o nosso passado e de nossos futuros potenciais.
