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Terence McKenna e a teoria do macaco chapado

In Vanguardistas
fevereiro 28, 2023
Terence McKenna Memorial Art Print - alchemisthealthremedies.com

A teoria do macaco chapado é uma hipótese criada pelo escritor e filósofo americano, Terence McKenna. Com conhecimento em ecologia e xamanismo, McKenna também é reconhecido como um dos psiconautas mais influentes – seus estudos serviram como uma das primeiras exposições relacionados ao uso de psicodélicos DMT e ayahuasca.

Para aqueles que não estão familiarizados com o termo, psiconautas são pluralistas que utilizam os estados alterados de consciência para investigar a própria mente, sempre de maneira induzida através de suas próprias experiências.

Outro psiconauta famoso foi Aldous Huxley, escritor britânico autor de livros que marcaram a nossa história como “1984” e “As Portas da Percepção”, este último uma autobiografia que discorre sobre a sua experiência psicodélica sob o efeito da mescalina, um alucinógeno natural comumente encontrado nos cactos peiote e San Pedro.

Cogumelos psicodélicos poderiam ter sido fundamentais na evolução humana?            

Por volta de 3 milhões de anos atrás, um fenômeno intrigante se iniciou durante a evolução dos hominídeos: a expansão repentina do tamanho do cérebro. Neste mesmo período em que o fenômeno se iniciou, grandes mudanças climáticas aconteceram em nosso planeta. Estas mudanças teriam impulsionado o Homo Erectus a mudar a sua rotina, abandonando as florestas e iniciando, assim, as viagens pelas savanas. Segundo McKenna, a mudança para um novo ambiente provavelmente levou os hominídeos a diversificarem a sua alimentação, introduzindo em sua dieta o Psilocybe cubensis, os cogumelos mágicos que crescem comumente sob cocô de vaca.

Ainda de acordo com a tese, o consumo da psilocibina teria sido responsável por uma aceleração do desenvolvimento cerebral do hominídeo primitivo. Além de um suposto aumento do cérebro, McKenna argumenta que as experiências psicodélicas estariam por trás da criação da linguagem, dos primeiros rituais tribais e do surgimento das religiões primitivas.

Embora não haja registros de uso psicodélico na pré-história, alguns estudos indicam que civilizações antigas, da Sibéria à América Central, reverenciavam a psilocibina como o “alimento dos deuses”. O interessante é que um fungo fossilizado de bilhões de anos foi descoberto no Canadá pelo paleobiólogo Corentin Loron, da Universidade de Liège, corroborando ainda mais com esta hipótese. “Os fungos são componentes essenciais dos ecossistemas modernos e estão entre os primeiros vestígios da vida a colonizar os continentes”, disse Loron.

Toda esta discussão promovida por McKenna ainda teria uma sustentação científica, de acordo com os estudos do psicofarmacologista Roland Fischer, do National Institute of Mental Health. Nos anos 60, Fisher ministrou psilocibina a voluntários para a realização de testes oftalmológicos. Os resultados indicaram que a visão periférica aumentava quando se encontrava a substância no organismo do voluntário. Supostamente o aumento da visão periférica seria de grande valia para os nossos ancestrais, ajudando não só na caça, mas também a se defenderem de uma melhor forma.

No documentário “Fungos Fantásticos” (“Fantastic Fungi”), disponível na Netflix, o irmão de Terrence McKenna, Dennis McKenna, explica a lógica por trás da teoria criada por seu irmão:

“Não é tão simples dizer que eles comeram cogumelos com psilocibina e de repente o cérebro sofreu uma mutação. Acho que é mais complexo do que isso, mas acho que foi um fator. Era como um software para programar esse hardware neurologicamente moderno para pensar, ter cognição, ter linguagem – porque linguagem é essencialmente sinestesia. A linguagem é a associação com um som aparentemente sem sentido, exceto que está associada ao complexo de significado”, defende Dennis.

Ainda segundo Dennis, a “Teoria do macaco chapado” não deve ser considerada como o único fator envolvido no processo de evolução dos hominídeos. “Obviamente existiram múltiplos fatores envolvidos. É muito simplista apenas postular que eles comeram cogumelos, e então estavam mais bem equipados. Muitos fatores influenciaram a evolução”, alertou ele.

“É preciso buscar a experiência direta”

Terrence McKenna converteu-se em uma das figuras mais importantes da contracultura norte americana do final do século XX. Confira as ideias do filosofo americano no vídeo abaixo preparado pela equipe do Faça Parte do Futuro:

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Editorial Faça Parte do Futuro